The cows (2011), Lydia Davis, editado pela Sarabande Books
Lydia Davis descreve as três vacas que ela consegue ver de sua cozinha ao longo de 30 páginas (que ao final do livro se tornam 5). Entre suas descrições e algumas fotos, acabamos conhecendo seus movimentos, seus hábitos, suas posturas. Não há nenhuma poeticidade que pese e mão no estilo com intuito de plasmar uma riqueza incomensurável da vida ruminante; também não encontramos qualquer tentativa de projetar de antemão nesses ruminantes uma angústia da autora com sua própria humanidade. Embora aqui e ali a narradora levante alguma questão que interrompem o fluxo descritivo, essas questões não são mais do que pequenos soluços nas observações de Davis. O que importa, sempre, são as vacas, seus ritmos, suas decisões inesperadas e inacessíveis para nós — e que se podem ter qualquer riqueza, seja justamente essa que não nos diz respeito. Um livro belo e moral, como costuma ser no caso da Lydia Davis.
curti, meta. parece uma boa leitura para o verão